O processo de consulta pública, promovido pela Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), visa emitir o Título de Uso Privado do Espaço Marítimo Nacional (TUPEM) para a instalação e operação do cabo de telecomunicações submarino transatlântico da Google.

A consulta pública do projeto Nuvem, cujo promotor é a Sailfish Infrastructure, empresa que representa a Google LLC em Portugal, vai decorrer até 9 de julho e está disponível no portal Participa da Agência Portuguesa do Ambiente.

De acordo com o resumo do projeto, consultado pela agência noticiosa Lusa, o pedido de emissão do TUPEM para uso de uma área do espaço marítimo nacional, por um período máximo de 25 anos, visa instalar e operar o cabo submarino de telecomunicações, naquela que será a primeira conexão direta entre os Estados Unidos e Portugal.

A rota do cabo “localizada em águas portuguesas” tem uma “extensão de 2.992,82 quilómetros, desde a costa de Sines, passando pelo Mar Territorial e Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Portugal Continental e continuando na ZEE dos Açores, até à linha correspondente ao limite da plataforma continental portuguesa alargada”, pode ler-se.

O cabo submarino de fibra ótica entre Sines e a costa leste dos EUA terá “uma extensão total de aproximadamente 6.870 quilômetros”, com ancoradouros nas Bermudas e nos Açores.

De acordo com o documento, o sistema Nuvem “permitirá que conexões diretas, confiáveis e de baixa latência sejam fornecidas entre a costa leste dos EUA e a Europa” para facilitar “a conexão das principais rotas de cabos intercontinentais”.

“Essa capacidade adicional é necessária para atender à crescente demanda por tráfego internacional de telecomunicações, garantindo também a diversificação e redundância de rotas no Atlântico, salvaguardando a continuidade dos serviços internacionais de tráfego de telecomunicações e criando uma rede de transmissão submarina mais resiliente”, diz.

O cabo “tem uma capacidade projetada de 200 terabits por segundo, o que permitirá sustentar o acesso à rede para centenas de milhões de pessoas”, indicam os promotores no documento, acrescentando que a conexão a Portugal “beneficiará empresas e consumidores”.

“O uso da Internet em Portugal cresceu de 6,8 milhões de usuários em 2014 para 8,8 milhões até o final de 2022”, aponta o promotor.

A Caixa de Visita (BMH) na praia do Areão neste município alentejano, parte do cabo submarino EllaLink, será usada para atracar o cabo Nuvem em Sines, após um acordo entre as empresas “para o uso de toda a parte terrestre da infraestrutura do respectivo cabo”.

O

cabo submarino do Google, que será atracado nas Bermudas e nos Açores, foi apresentado em julho de 2024 em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, e foi considerado um projeto de “interesse público significativo” pelo Governo Regional.

Na época, a empresa anunciou que o sistema poderia estar operacional em 2026 e estimou um impacto de 500 milhões de euros na economia nacional.